quarta-feira, 18 de março de 2009

Eu e meu Corpo (1)

Desde, mais ou menos, o dia 10 de setembro tinha vontade de ter um blog e poder dividir com as pessoas tudo que eu estava passando e passaria daquele dia em diante.
Lembro que era uma quarta feira, como tantas outras. Trabalhei o dia inteiro normalmente e, as 16:00 pontualmente tomei minha bolinha. Eu estava na minha quadragésima nona tentativa de emagrecer.
Conviver com a gordura do meu corpo era a coisa mais insuportável do mundo, pois pra mim, era um sinal claro que não conseguia controlar meus impulsos, minha gula, meus sentimentos, minhas necessidades, ou seja, eu era uma fracassada. Acordar todos os dias e se preocupar se a roupa que usou na semana passada ainda te servia, se as pessoas estavam me olhando comer ou recriminando porque eu estava comendo, se o risinho daquele cara era para a minha condição física. Eu estava sempre na defensiva. Entrar em uma loja e ter que agüentar a cara da vendedora dizendo que você esta na loja errada ou ainda ouvir a pergunta, depois de uma boa conferida no seu corpo, - é pra você?, era claustrofóbico. Definitivamente isto estava me matando.
Tinha um fornecedor de anfetaminas de Vitória/ES. Eu ligava, pedia e o remédio chegava. No rótulo vinha escrito “Fórmula com Ingredientes Naturais”, sem farmacêutico responsável, sem composição, mas, se tinha funcionado uma vez funcionaria agora também.
Estes remédios a base de anfepramona, anfetamina, sibutramina, e outros, já não faziam o efeito que deveria, afinal há quase 20 anos tomando todo tipo de fórmula, o corpo acostuma. Os únicos efeitos eram, a vontade louca de fumar, a boca seca e a “matraca”, eu falava sem parar.
Tudo estava normal naquele dia. Esta era minha rotina. Só que alguma coisa saiu do controle. Tomei o remédio e depois de uns 20 minutos comecei a sentir enjôo. Trabalhei até as 18:00, passando muito mal e fui pra casa já com febre de 39° e vomitando. Eu tinha uma tremedeira horrível e sentia a visão turvar. E pra complicar estava sozinha em casa.
Pra encurtar a história, depois de muito rezar e de vários banhos resolvi que não era aquela situação que queria para minha vida. Não queria mais aquele corpo, não queria mais fazer regime, não queria mais ser descriminada pelos outros e por mim mesma, não queria definitivamente me preocupar com meu peso. Queria voltar minhas energias pro meu trabalho, meus amigos, minha família, uma grande amor e quem sabe até meus filhos.
Neste dia, depois de jogar o pote novo de remédio (R$160,00), decidi procurar meu gastroenterologista e ver tudo que era necessário para a cirurgia bariátrica (redução do estomago)...

5 comentários:

Silvinha disse...

eu nao sabia. que bom que vc tá bem. insuportavel, mas bem.

Mia Sílvia disse...

Você é uma pessoa admiravelmente corajosa, e isso é lindo.

mélis disse...

li esse post algumas vezes, e me pego pensando sobre ele... pq eu gosto que as pessoas entendam tudo aquilo que vc disse no começo, como é dificil todos-os-dias e, principalmente, pelo final: pela maneira serena que a gente vê os capítulos felizes dessa história se desenrolarem... serena e INSUPORTÁVEL!

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Cara, nada mudaria pra gente, se vc não mudasse, mas ainda bem que pra vc, mudando, faz toda a diferença. Lov.U

Cy disse...

Eu amo vcs, sabia. Por tudo, eu amo vcs!
Obrigado por tudo, sempre!